tag:blogger.com,1999:blog-88187124540391714342024-03-13T22:47:36.275-07:00rui pires cabralitalo souzahttp://www.blogger.com/profile/10742088849945923530noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-8818712454039171434.post-11359479146404118092012-04-11T15:26:00.005-07:002012-04-11T15:26:53.700-07:00Poemas<b><span style="font-size: large;"><span class="style39">I was made to Love Magic</span></span></b>
<br />
<div class="style37">
A manhã com as suas proibições<br />
na tua fala. A claridade estava a crescer<br />
numa cama que já se tinha atravessado no escuro<br />
como uma nave enfileirando para a guerra.</div>
<div class="style37">
Eu não tinha ficado para conhecer a vista<br />
das tuas janelas: imaginava um pátio riscado por ervas<br />
mas não cheguei a levantar as persianas.<br />
Talvez fosse um sítio ao qual não se pudesse regressar<br />
porque quando falávamos os nossos olhos não coincidiam<br />
com nenhuma palavra.</div>
<div class="style37">
Teria gostado de te levar comigo outra vez<br />
mas era difícil recuperar as razões<br />
para o desejo. E no caso de nos ter acontecido uma mudança,<br />
onde é que havíamos de procurar<br />
os seus indícios? Estavas a dar de comer aos peixes<br />
e eu só falava de livros.</div>
<div class="style39">
<br /></div>
<div class="style39">
<br /></div>
<div class="style39">
<br /></div>
<div class="style39">
<br /></div>
<div class="style39">
<b><span style="font-size: large;">O rei dos olhos fechados</span></b></div>
<div class="style37">
Fazes entrar em Fevereiro<br />
o rei dos olhos fechados,<br />
o das escadas rolantes.<br />
Quanta luz desperdiçada,</div>
<div class="style37">
quanto desconsolo<br />
nas grandes superfícies<br />
da memória. Ouves o vinho<br />
rolar nos ouvidos, a realidade</div>
<div class="style37">
defenderá até à morte<br />
os seus mistérios. Fazes<br />
uma vênia ao rei destituído</div>
<div class="style37">
e morto, ele atravessa <br />
os fundos da casa<br />
precedido pelo próprio corpo.</div>
<div class="style37">
<br /></div>
<div class="style37">
<br /></div>
<div class="style37">
<span style="font-size: large;"><strong>SHIRLEY ANN EALES</strong></span> <br />Na vitrina lê-se Livros Raros<br />e Usados sob o azul inclinado<br />de um toldo – mesmo em frente<br />à glacial cafetaria de franchise<br />onde o dia destrata o desejo<br />e não se pode fumar. Subo<br />aos pequenos gabinetes<br />mergulhados no doce bafio<br />da literatura e percorro de A<br />a Z as espinhas estreitas<br /><br />e rachadas da poesia. É o sítio<br />mais vazio de Novembro<br />e o que mais me reconforta;<br />o livro que escolho, por metade<br />de uma libra, traz no frontispício<br />um nome e uma morada: Shirley Ann<br />Eales, de Scottsville – um sumido<br />autógrafo de maiúsculas magras<br />e triangulares onde a imaginação<br />encontra por enquanto pretexto<br /><br />e oxigénio suficientes para arder.<br />O livro teve outra existência,<br />pertenceu a outra casa, a outra mesa<br />de cabeceira – e o pensamento,<br />de tão óbvio, conjura de repente<br />uma vertigem, é um corredor<br />abrupto para a imensidão do mundo<br />onde trafica o acaso. Ah, sabemos<br />que a vida é improvável se damos<br />por nós a cismar, a meio de uma tarde<br /><br />insípida, numa mulher desconhecida<br />que lia poemas em Scottsville, nos anos<br />70. Mas haverá aqui alguma espécie<br />de sentido, algum sinal guardado<br />para alguém mais sábio ou inocente<br />do que eu? Não sei quem és<br />nem onde estás agora, Shirley Ann,<br />mas como seria belo se pudesses<br />um dia encontrar, por obra da mesma<br />sorte, o teu nome nestes versos </div>
<div class="style37">
<br /></div>italo souzahttp://www.blogger.com/profile/10742088849945923530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8818712454039171434.post-14048480526884789552012-04-11T15:12:00.000-07:002012-04-11T15:18:54.951-07:00Quem é Rui Pires Cabral<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Vn_HM32reaI/T4YBayQPA-I/AAAAAAAAAAc/uUqeK7V6tfo/s1600/RPC_foto1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-Vn_HM32reaI/T4YBayQPA-I/AAAAAAAAAAc/uUqeK7V6tfo/s320/RPC_foto1.jpg" width="238" /></a></div>
<div align="center" class="style30">
<br /></div>
<div align="center" class="style30">
RUI PIRES CABRAL</div>
<div align="justify">
Escritor português, Rui Pires
Cabral nasceu a 1 de Outubro de 1967 em Chacim, uma pequena aldeia do
concelho transmontano de Macedo de Cavaleiros. Cedo abandonou a terra
natal para ir estudar num colégio interno em Macedo. Uma parte
importante da sua infância foi constituída pelas visitas de veraneio,
em férias do internato, a Chacim e a Alvites, um outra aldeia, em
Mirandela, onde o seu pai nascera. O contacto que aí foi mantendo com a
natureza veio determinar em absoluto o carácter da sua obra.</div>
<div align="justify">
Terminando o ensino secundário,
Rui Pires Cabral ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra, onde se deixou envolver na política, facto que lamentou mais
tarde. Participou nos movimentos académicos que procuravam demonstrar o
seu desagrado face à situação que o país atravessava e, em 1982, no
decorrer de uma greve estudantil, esteve perto do confronto físico com
as forças policiais. Não obstante a sua irreverência, começou a
publicar alguns dos seus poemas na imprensa estudantil.</div>
<div align="justify">
Depois de ter concluído os seus
estudos superiores, Rui Pires Cabral tornou-se eventualmente tradutor
de Literatura Anglófona, tornando acessível ao público português
sobretudo a obra de Michael Cunningham.<br />
Publicou o seu primeiro livro em 1985, uma
colectânea de poemas intitulada Qualquer coisa estranha . Seguiram-se
Geografia das Estações (1994), A Super-Realidade (1995), Música
Antológica & Onze Cidades (1997) e Praças e Quintais (2003), <span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-family: Verdana,Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><em>Longe da Aldeia</em>, Averno, (2005),</span></span></span></span></span></span><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-family: Verdana,Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><em>Capitais da Solidão</em>, Teatro de Vila Real, (2006),</span></span></span></span><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: 85%;"><span style="font-family: Verdana,Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><em>Oráculos de Cabeçeira</em>, Averno, (2009)</span></span></span></span></span></span></span></span>.</div>
Utilizando geralmente um
discurso em primeira pessoa, Rui Pires Cabral serviu-se, na sua obra
poética, de um cosmopolitanismo ciente e despretencioso para
estabelecer um constraste entre o mundo rural que esteve sempre no
centro das suas preocupações, sobretudo quando corre o risco de se
transmutar, graças às consequências da utilização de tecnologias de
ponta. Mais do que ´Pacto de Sangue´, em que trata da solidão dos
expatriados, 'Abril', que põe em evidência a imposição de um passado
histórico, os seus poemas ´Serrim´e sobretudo, 'Suíça', reflectem a
necessidade de estabelecer as verdadeiras prioridades nacionais.<br />
É familiar do também poeta e escritor António Manuel Pires Cabral.italo souzahttp://www.blogger.com/profile/10742088849945923530noreply@blogger.com0